A jornalista Michelle Barros, de 42 anos, anunciou sua demissão da TV Globo na última quinta-feira. Ela estava na emissora há 12 anos e fazia parte da equipe de apresentadores de jornais locais de São Paulo desde 2015.
no bate-papo com respingoa jornalista explica que a direção da Globo não queria que ela saísse, mas sentiu que não havia mais espaço para crescimento na emissora.
“Faz tempo que percebi que estava chegando a uma posição que não tinha muito mais o que fazer. Percebi que havia chegado a hora de fechar o ciclo e me lançar em novos desafios.
Sei que alcancei um excelente nível como apresentador. Tenho muito o que evoluir e aprender, nossa vida é uma jornada eterna e sou ignorante em muitas coisas, mas cheguei a um nível ‘ok’ e não há espaço para todos. Eu já estava exausto da reportagem de rua. Eu já tinha completado esse ciclo.
Michelle chegou à Globo São Paulo em 2010, mas trabalhou anteriormente em afiliadas da Globo e do SBT em Alagoas, sempre como repórter de rua. “Foram 22 anos fazendo reportagem de rua, desde quando comecei como estagiário. Realmente senti que era hora de virar a chave e fazer outras coisas. Tenho 42 anos, uma boa vida profissional e muito o que fazer os anos”, explica.
Saída recente dos veteranos
Michelle também comentou a recente saída de jornalistas veteranos da TV Globo, incluindo Chico Pinheiro, seu parceiro na transmissão dos desfiles do Carnaval de São Paulo, e Carlos Tramontina, com quem dividiu a investigação das escolas de samba este ano.
“Cada mudança traz novos caminhos e perspectivas. Sou daqueles que vê o copo meio cheio. Tem muita coisa boa pela frente. Chico é imenso, é um grande amigo, sei que vai fazer grandes coisas também, igual a Tramontina”
“Não posso falar da política que está sendo adotada pela emissora. Mas o que posso dizer, em geral para todas as profissões, temos que encarar essas mudanças de forma positiva… O mercado de trabalho faz isso com quem tem mais experiência. Não é especificamente uma emissora ou um mercado. A as pessoas como profissional têm que vislumbrar outras coisas e tomar as rédeas da carreira”, pensa.
próximos planos
Michelle deixa a TV para se concentrar na internet. A partir de agora, planeja produzir conteúdo para mídias sociais e podcasts, além de realizar eventos e palestras. Um canal no YouTube também está em andamento.
“Vou trabalhar conteúdos de comunicação para ajudar as pessoas a se comunicarem das mais variadas formas. Sou formada nisso e quero reverberar isso para as pessoas… Além disso, (produzir) outros conteúdos. Sempre gostei de jornalismo leve . as pessoas dão notícias, é pesado, mas tem que rir quando precisa, tem que se divertir. Quem não gosta de ver um meme? Isso também vai estar nesses conteúdos. Vai ser jornalismo e entretenimento”, ele explica.
Mas ela diz que não está fechada para futuras propostas de TV. “Estou aberta a tudo que possa surgir, novos formatos e novas ideias. Estou me jogando no desconhecido e aberta a tudo. Estou completamente disponível, disposta e atraindo coisas positivas”, diz.
Futuro do jornalismo
Após assinar o pedido de demissão da Globo na quinta-feira, Michelle passou a dar uma palestra sobre o futuro do jornalismo. Ela apresentou dados da pesquisa realizada para o trabalho de conclusão do curso de Direito, segundo grau que está prestes a concluir, que mostram que 80% da população brasileira é ativa nas redes sociais e que muitos buscam notícias e entretenimento.
“Temos um mercado enorme no setor de redes sociais, podcasts e outras plataformas. Os Estados Unidos e o Canadá têm plataformas específicas para jornalistas independentes publicarem seus conteúdos e se rentabilizarem. Além de aumentar a inteligência artificiais, Pnós precisamos ter mais jornalistas focados na coleta de dados, entender tecnologia, fake news, deep fake”, reflete.
“Nosso mercado é enorme, completamente diferente da época em que me formei, quando imaginávamos: ‘temos que trabalhar nessas grandes emissoras, ou grandes veículos de comunicação, ou então vamos para a assessoria de imprensa’. Não é mais assim. no meio dessa transição e as transições são complicadas, difícil de ver como andar. Por isso decidi: ‘Vou em frente, vou'”, conclui.