
A Finlândia anunciou neste sábado (14) ao governo russo que solicitará a adesão à Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN). A declaração foi feita pelo presidente do país nórdico, Sauli Niinistö, diretamente a Vladimir Putin logo após a Rússia cortar o fornecimento de energia elétrica ao país vizinho no mesmo dia. como represália às negociações com a OTAN.
Niinistö explicou por telefone a Putin que as exigências russas para interromper a expansão da OTAN no final de 2021 e a invasão da Ucrânia alteraram fundamentalmente o ambiente de segurança da Finlândia. Segundo o presidente finlandês, a conversa telefônica com Putin foi “direta, clara e realizada sem tensão”.
O chefe de Estado finlandês lembrou a Putin que já em sua primeira reunião bilateral, em 2012, ele disse que cada nação independente tenta maximizar sua própria segurança e insistiu que é isso que a Finlândia está fazendo agora.
“Ao aderir à NATO, a Finlândia reforçará a sua própria segurança e assumirá as suas responsabilidades. Não é em detrimento de ninguém. A Finlândia quer continuar a resolver os problemas práticos gerados pela vizinhança fronteiriça de forma correcta e profissional”, refere o comunicado. .
Ao mesmo tempo, o presidente Niinistö reiterou a Putin sua “profunda preocupação” com o sofrimento humano causado pela guerra na Ucrânia e enfatizou a necessidade de alcançar a paz.
Por fim, ele também transmitiu uma mensagem enviada no início desta semana pelo presidente ucraniano Volodymyr Zelesnky para tentar garantir a segurança na evacuação de civis em zonas de combate.
Putin critica posição da Finlândia
Putin disse a Niinistö que a renúncia do país nórdico à neutralidade para ingressar na Otan seria uma decisão “errada”. “Putin enfatizou que desistir da política tradicional de neutralidade militar seria errado, já que não há ameaça à segurança da Finlândia”, disse o Kremlin em comunicado.
Embora esperada, a decisão da Finlândia de aderir à Aliança Atlântica foi um balde de água fria para a Rússia, que já ameaçou Helsinque com medidas técnico-militares.
Por sua parte, o vice-chanceler russo, Alexander Grushko, alertou no sábado sobre a possível implantação de armas nucleares pela Otan na Finlândia e na Suécia, uma vez que ambos os países se unam formalmente à aliança. “Basta olhar o mapa para compreender a importância da expansão aliada para os interesses de segurança da Federação Russa”, sublinhou.
Embora admitindo que, até agora, a OTAN não mudou sua política nuclear, seu secretário-geral, Jens Stoltenberg, disse que “as armas nucleares podem ser colocadas mais perto da fronteira russa e os líderes poloneses garantiram que estão dispostos a recebê-las”. eles.”
“Se estas afirmações se confirmarem na prática, é claro que será necessário reagir com a adoção de medidas preventivas que garantam uma dissuasão segura”, alertou o diplomata.
Apesar da atual intervenção militar russa na Ucrânia, Grushko achou “impossível” suspeitar das intenções hostis da Rússia contra a Finlândia e a Suécia, acusações que ele vinculou a tentativas de “demonizar” seu país do ponto de vista político e militar.
Moscovo, que acusa Helsínquia de ameaçar a segurança da Europa ao abrir um novo flanco aliado no norte do continente, cortou hoje o fornecimento de electricidade ao país vizinho alegadamente por problemas de falta de pagamento.
A entrada da Finlândia dobraria a fronteira da Federação Russa com os membros da OTAN. A Rússia compartilha 1.300 quilômetros de fronteira com o país escandinavo. Atualmente, a Rússia compartilha fronteiras com os seguintes membros do Bloco Ocidental: Polônia, Noruega, Estônia, Letônia e Lituânia, além de uma fronteira marítima de 49 quilômetros com os Estados Unidos no Alasca.
Entre os países que já manifestaram apoio à entrada da Finlândia na OTAN estão Estados Unidos, Espanha e Portugal. A negociação, no entanto, pode ser dificultada A posição da Turquia, que não só se opõe à adesão da Finlândiamas também de outro vizinho da Rússia que já manifestou interesse em aderir à OTAN, a Suécia.